terça-feira, 15 de março de 2011

Insanidade comedida

     Durante essa madrugada, entre ciência e poesia, li algo que remexeu meu baú memorial. Algo que atingiu minha real essência e me dispôs à reflexão.
     Recordo-me, não tão facilmente, da minha infância esquisita, do meu passado valorável, das minhas pequenas ingresias tão incompreendidas... Eu nunca fui uma pessoa convencional, tampouco caso para internação, mas algo em mim sempre era considerado "diferente demais". Não sei dizer bem o que, nem onde, ou ainda o porquê. Sempre achei que tivesse uma estrela na testa (na verdade, havia sim! rs!), há algo que não consigo explicar... como se formou essa minha personalidade tão instável?
    Às vezes, penso que a Clarice Lispector me compreenderia bem. É uma pena nunca nos encontrarmos. Aquele olhar inebriante, gesticular misterioso e as palavras incompreensíveis aos ouvidos pouco atentos... Ah! Lispector, que audaciosa! Que ousadias escritas. Admiro-a como se fosse o seu cãozinho de estimação, que delira a cada olhar ou sinal, migalhas de atenção. Coleciono sua arte como preciosidade única, algo que realmente é.
    Sanidade ou insanidade? Isso nunca saberei decifrar. Mas a Estranheza é a expressão livre de minha faculdade mental. Pois bem, que seja então!
Se somos o resultado do meio e da genética, sinto-me arrancada de algum lugar por mim ainda desconhecido... será que há vida humana em outro planeta?





E se me achar esquisita, respeite também;
até eu fui obrigada a me respeitar.

(Clarice Lispector)