terça-feira, 14 de setembro de 2010

Não ajudarás à posse do caju!

Hoje é um dia incomum!
 Reservei a maior parte do meu tempo (sobrevivente) buscando a solução para problemas que até então desconheço intimamente. Por que as pessoas tentam ajudar quando não se tem noção do que existe ao redor? Ts ts ts! Recomecei a pensar ( se é que algum dia já tive essa idéia) que estender a mão pode ser um processo mais complexo do que se podia imaginar...
Abri a porta da minha casa para iniciar um lindo dia feliz ( ou tentar fazê-lo) e o que encontro ao meu redor senão uma população revoltosa de mal-humorados egocêntricos que lidam com a vida como se valesse menos do que o que o gato enterra. Até aí, tudo bem! Afinal de contas, cada um remexe conforme a canção. Vou até o cajueiro central da calçada e percebo que os frutos estão cada vez mais bonitos e maduros, o cheiro no ar entonteava até freiras francesas. Um olhar me segue. Acompanha meus movimentos. E quando percebo, tropeço nesses olhos tão observadores. Era um pequeno garoto. Imutável! Com olhar de cachorrinho caído da mudança, mas apenas o olhar. Aparentava esperto, aproximadamente 4 anos de idade, vestido em sua mini-calça jeans e camisa azul xadrez com um casaco branco por cima. Era branco, cabelos castanhos, olhos claros, lembrava-me até um desenho animado apreciado durante minha infância, o Pequeno Príncipe.
Perguntei-lhe se estava perdido, se havia alguém com ele ou se ele morava ali perto (já que eu era nova na cidade). Ele apenas encurvou a cabeça  e franziu a testa. Depois, apontou para o alto. E dali pude ver: um caju encorpado, avermelhado, com ar de imperador. Sorri para ele e afirmei que iria pegar aquele fruto.
O garoto apenas sentou na calçada e sorriu confiante. Eu, acreditando estar fazendo a coisa mais certa do mundo, ergui minha mão para alcançar o fruto. Contudo, minha condição de baixa estatura não permitiu a façanha. Subi num banquinho de concreto ali perto e, com todo esforço e coragem de uma heroína de cinema infantil, saltei e segurei firme o fruto, que veio quase espremido na minha mão.
Com uma alegria irradiante fui recepcionada pelo garoto, que aguardou a lavagem do fruto (afinal, eu sou quase um inspetor moral da higiene alimentar) e agradecido começou a mordiscar o tão desejado presente.
Eu, na minha posição de protetora e defensora dos pequenos e oprimidos, sentia ali, vislumbrada, uma satisfação gigantesca. Até que, ops! Ouvi um grito estridente que dizia:
-Eduaaardoo! Eu já falei mil vezes que você não pode comer caju, você é alérgico a esse fruto! Quem teve a ousadia de te dar isso? E ainda, deixar você sujar toda sua roupa?
A satisfação se transformou em surpresa, calafrio, vergonha e temor. Como é que eu iria adivinhar que o sobrinho da minha vizinha tinha alergia ao fruto tão estimado?
Tentei explicar a ela que eu havia entregue o fruto, mas sem saber que aquilo poderia ser causa de algum mal. Mas não adiantou nada. Ela só fez cara de nojo, de apontamento do culpado e um movimento de negação com a cabeça, isso não sem antes emitir um som por mim desconhecido esbravejante.
O pequeno Eduardo foi levado à força para o carro, puxado pela mão da minha suposta acusadora. O "imperador" caju, jogado ao chão, como  se não fosse mais interessante. E eu, bem... eu continuei ali, parada, tentando entender o que havia acontecido, procurando talvez uma explicação para aquele novo sentimento que habitava em mim.
Prometi a mim mesma nunca mais tentar ajudar crianças "indefesas", perdidas e que desejassem cajus. E quer saber, acho que aprendi uma lição: ajudar alguém sem ver a quem é furada! Pelo menos quando esse alguém tem 4 anos de idade e uma mãe furiosa!

domingo, 5 de setembro de 2010

Sem Noção!

Nem tudo é como se vê!
Sabe aquele dia em que você acorda com uma baita vontade de ser feliz? Acorda disposto a mudar o mundo, favorecer à Paz mundial, criar laços com os vizinhos, dar uma chance para uma vida mais solidária... Às vezes, algo sublime cresce dentro de nós e num piscar de olhos, "ptz!", já era!  Afinal de contas,  quem inventou o dia cinza?
Hoje é um dia turvo. Pela manhã, meu anjo da guarda derramou um caldeirão de alegria. Durante a tarde, o dia claro acinzentou e foi cedendo à escuridão fria da noite. Não compreendo porque tantas mudanças bruscas. Pensei, por algum motivo feminista, que era a benedita TPM. Mas será que permaneço TPMada 30 dias por mês?
Tristeza constante! Ataque de fúrias! Lágrimas escorrendo! Risadas, gargalhadas, só alegria! Acho que preciso urgente de uma psicanálise!